No Brasil, as mulheres atuaram de diversas maneiras durante a resistência ao regime militar e foram vítimas de diversos tipos de violações, que, não raro, estiveram diretamente associadas ao seu gênero. Até mesmo quando são submetidas aos mesmos tipos de violações que homens, fatores socioeconômicos, construções sociais preexistentes, bem como o significado cultural sobre o masculino e o feminino em sociedades patriarcais, fazem com que os efeitos da violência sejam distintos para homens e mulheres. A incorporação de uma perspectiva de gênero é essencial para a adequada formulação da política transicional, no sentido de repensar os tipos de reparações mais adequados, os arranjos capazes de garantir a participação das mulheres, os procedimentos a serem adotados para que as instituições consigam alcançar as vítimas e suas pretensões, etc. Assim, o objetivo deste trabalho é, precisamente, aprofundar a discussão sobre gênero e justiça de transição no Brasil.