Este artigo busca tematizar alguns dos desafios encontrados durante a realização de pesquisa sobre a tortura nos requerimentos submetidos à Comissão de Anistia. Para tanto, a primeira parte do artigo situa a análise do acervo da Comissão de Anistia em uma discussão mais ampla sobre utilização de documentos oficiais, em particular, processos judiciais, como fonte primária de pesquisa sobre graves violações de direitos humanos. Em seguida, algumas particularidades dos processos da Comissão de Anistia são abordados, permitindo-nos refletir sobre o potencial desse material para a compreensão do período da ditadura militar. Essas particularidades são, posteriormente, relacionadas à compreensão da tortura como violação de direitos humanos, trazendo à tona alguns dos desafios apresentados pela articulação de experiências traumáticas em documentos oficiais.